Estudo revela que o uso de polivitamínicos pode aumentar o risco de câncer de próstata


A pesquisa descobriu que o excesso de suplementos ricos em Vitamina E e Selênio estão ligados ao desenvolvimento da doença

Quem nunca tomou um remédio sem prescrição médica ao sentir uma dor? Até mesmo para curar uma enxaqueca ou resfriado? A automedicação pode parecer uma solução para o alívio imediato, mas pode trazer consequências mais graves do que se imagina. Mas, o uso de medicamentos por contra própria não é o único hábito que pode causar problemas à saúde. O consumo de polivitamínicos em excesso também pode aumentar o risco de desenvolver câncer de próstata.

A descoberta foi realizada através do estudo Select, desenvolvido pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia. A pesquisa, efetuada com mais de 30 mil homens nos Estados Unidos, avaliou se a suplementação com vitamina E e selênio poderia reduzir a chance de câncer de próstata. Ao final de 7 anos de estudo foi constatado que o uso de doses altas de Vitamina E (400UI/dia), isolada ou combinada com Selênio (200mcg/dia), na verdade aumentou em 17% o risco de câncer de próstata. “O curioso é que a dose de vitamina E utilizada é a mesma quantidade encontrada em vários polivitamínicos que são vendidos sem receita médica e utilizados por uma parcela da população”, alerta o urologista Filipe Tenório, do Hospital Santa Joana Recife.

Os pesquisadores concluíram que, nos homens que no início do estudo já tinham níveis elevados de Selênio, o uso do Selênio isolado aumentou o risco de câncer em 91%. Já os que tinham níveis baixos de selênio, o uso de Vitamina E isolada aumentou o risco de câncer de próstata em 63%. Com a descoberta, os médicos indicam que toda suplementação deve ser acompanhada por um especialista. “A ideia de suprir os nutrientes parece atrativa quando se consideram os benefícios. Mas, devemos ter cuidado com a automedicação. Mesmo nesses casos de vitaminas, pois elas podem ter efeitos colaterais inesperados”, ressalta Tenório.

As vitaminas K, D, E e A podem causar hipervitaminose se usadas em excesso, já que não são excretadas lentamente pelo organismo. Por exemplo, a superabundância de vitamina A pode causar dor de cabeça, dor óssea, tonturas, danos ao fígado e à pele, enquanto a hipervitaminose D pode causar fraqueza, calcificação de tendões, falta de apetite e desidratação. “Existem estudos semelhantes com a suplementação de beta-caroteno que mostraram o aumento no risco de câncer de pulmão. Além disso, suplementos considerados simples, como o ginko-biloba, podem causar complicações graves, como sangramentos após cirurgias”, explica o médico.

No caso do uso de Vitamina E, primeiramente, todos os pacientes devem questionar o porquê da suplementação. Se for realmente necessário, os homens que estejam na faixa etária de risco para câncer de próstata (mais de 50 anos) devem fazer rigorosamente o rastreio anual da doença, com os exames PSA e toque retal. Caso o homem esteja tomando o suplemento por conta própria, o ideal é procurar um médico ou nutricionista para avaliar a necessidade. “Nenhuma substância é isenta de efeito colateral. Ainda são necessários estudos científicos para esclarecer melhor quais os possíveis efeitos dos polivitamínicos”, finaliza Filipe Tenório.

Matéria feita por Manu Ferreira em entrevista ao Médico Filipe Tenório

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