Obesos são mais propensos a terem cânceres de alto grau de agressividade e morrerem da doença.


O câncer de próstata é um dos mais recorrentes em pacientes que apresentam sobrepeso

A obesidade é um problema sério que merece muita atenção da sociedade. É que além de ser um dos fatores que causam outras doenças, como hipertensão, diabetes, doenças do coração e úlceras, descobriu-se que ela também está sendo associada com o aparecimento de cânceres agressivos. O dado foi confirmado por uma pesquisa Universidade de Oxford, na Inglaterra. Segundo o estudo, homens com índice de massa corporal elevada (IMC >30) apresentam maior risco de desenvolver, sobretudo o câncer de próstata, e morrer em decorrência da doença.

O levantamento, apresentado este ano no Encontro Europeu de Obesidade, avaliou mais de 140 mil pacientes de oito países da Europa. A pesquisa mostrou que os riscos aumentam em até 13% para cada 10 cm a mais na circunferência abdominal. O mesmo estudo também revelou que o risco geral de desenvolver câncer de próstata é menor entre os obesos, mas quando isso acontece ele é mais agressivo e letal.

Essa associação com o câncer de próstata engloba, na verdade, uma série de fatores. Para começar, estes pacientes apresentam um baixo nível do antígeno prostático específico (PSA), cuja alteração é um dos primeiros sinais indicativos da doença. Por isso, como os números já são baixos, fica mais difícil para os médicos dosarem se houve alguma queda ou mudança significativa na produção da proteína e assim diagnosticar o câncer. “Outros fatores importantes são as alterações metabólicas que a obesidade traz ao corpo, como o aumento do nível de insulina e a predominância do hormônio estrogênico”, explica o urologista Guilherme Maia, do Hospital Santa Joana Recife.

A progressão e a gravidade do câncer de próstata também são afetadas pelo sobrepeso devido ao fato de que a gordura que se acumula em torno da próstata cria um ambiente favorável para que os tumores cresçam e se espalhem. “Isso ocorre, porque o tecido adiposo desses pacientes desregula a atividade de determinados genes que, entre outras funções, estão ligados a quadros de inflamação crônica, de expansão da massa de gordura e de reprodução de células cancerígenas”, afirma o médico. Quanto mais avançada é a doença da próstata, mais grave é a desregulação sofrida pelos genes do tecido adiposo periprostático (TAPP) que fica ao redor do órgão.

Conforme o câncer da próstata progride, as células tumorais podem se infiltrar no TAPP, que é um passo fundamental para a progressão deste tipo de câncer. O deslocamento das células tumorais para o tecido sinaliza que a doença já está avançada em nível local e começando a evoluir para órgãos vizinhos, levando à metástase. “Esse fenômeno se torna mais comum em pacientes com obesidade, nos quais o tamanho e o número de células adiposas periprostáticas são maiores. Dessa forma a adoção de hábitos de vida saudáveis e o uso de antioxidantes se mostram de suma importância na prevenção da doença”, finaliza Guilherme Maia.

Escrito por Manu Ferreira com participação do Doutor Guilherme Maia

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